sábado, 6 de março de 2010

Poesia que ficou em terceira colocação no concurso "Mulher, Feminismo & Poesia"


Faz de Conta



Faz de conta que sou guerreira e não prisioneira de tantos medos

Que não me importo com você

Que as torres que ergui continuam de pé

E que não sufoquei em meu próprio desgosto

Faz de conta que nunca temi o erro e que tudo vai acabar bem

Que sei a direção certa a se tomar

Que tenho as palavras certas para dizer

E que há troféus em minha estante

Faz de conta que nem tudo se perdeu e que as feridas cicatrizaram

Que ainda há escolhas para fazer

Que não vou ter que morrer sozinha

Porque você vai voltar...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Você


Imagem constante em meus devaneios
Olhos que me caçam incessantes
Cólera que me rói os ossos
Calafrio a correr minha espinha
Melodia doce que não sai da cabeça
O doce e o amargo em minha boca
Sombra que engole meu quarto
Ar que penetra os pulmões
Febre que consome o corpo
Lágrimas que me lavam a face
Sorrisos que cobrem meu rosto
Inspiração que transfiro em palavras
Parasita que se alimenta de mim
Sede que devasta meu ser
Todas as direções a se seguir
Tudo o que enxergo ao fechar os olhos
Tremor que devasta meu mundo
Esperança de um novo amanhã
Motivo de minha insanidade
Sangue que escorre em minhas mãos

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010



From First To Last - Secrets Don't Make Friends (tradução)


Esse lugar é um banho de sangue
e não será salvo vivo
Nós estamos sozinhos
Debaixo desse céu fictício.

Você sempre foi meu inimigo e cuidadosamente planejou minha morte.
Nossos corações batem forte debaixo desse céu fictício.
Você sempre foi meu inimigo, sugue a vida de mim.
Suas palavras são armas mortais.
Me matando, me destruindo.
Suas palavras são armas mortais.
Espalhe meu cérebro pela parede.
Você era meu compasso
Me levando para lugar nenhum rápido.
Promessas eram estradas vazias.
Eu te segui como um mapa.

Você sempre foi meu inimigo e cuidadosamente planejou minha morte.
Nossos corações batem forte debaixo desse céu fictício.
Você sempre foi meu inimigo, sugue a vida de mim.
Suas palavras são armas mortais.
Me matando, me destruindo.
Suas palavras são armas mortais.
Espalhe meu cérebro pela parede.

Foda-se
Segredos não fazem amigos.
Segredos não fazem...

Suas palavras são armas mortais.
Me matando, me destruindo.

Suas palavras são armas mortais.
Me matando, me destruindo.
Suas palavras são armas mortais.
Espalhe meu cérebro pela parede.

Segredos não fazem amigos

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009


Autoconstrução




Às margens do desespero deixo o vento levar meus pensamentos,
Lembranças daqueles que não vão voltar um dia
E vergonha do que me tornara hoje
Escrava do ego e do orgulho,
Máquina libidinosa sem rumo algum a traçar,
Presa que se esconde apavorada nas sombras,
Animal sedento de sangue e entropia.
Apenas um desejo, romper com o paradoxo
Para me ver livre das correntes que me limitam.
A guerreira intrépida já morreu.
Os grandes heróis e seus feitos, já esquecidos.
Aquela que quis ser, espírito livre, onde está?
Escondida de toda indecência moral?
Aquela que persegue e condena à miséria da vida?
Ser solitária tornou-se costume meu,
Sentar e esperar que o céu desabe em agonia
Enquanto meus dedos desenham nas nuvens.
Contemplo aqueles que dançam e cantam ao redor do fogo
Com toda benção do Senhor dos Trovões,
Bebendo ilusões e comendo sonhos que não os pertence.
Já não quero juntar os pedaços do meu mundo,
Pois duvido que um dia tenha sido realmente meu.
Não é tarefa fácil esquecer o passado que te construiu,
Quando as feridas continuam a arder.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Reflexões (parte um)



Acorde! Vamos, Acorde!
Mais um dia começava, um dia sem esperanças de novidades, e tudo o que eu queria era ficar deitada, não porque queria as novidades que sabia que não chegariam, mas porque estava cansada do mundo lá fora. Nada tinha graça pra mim, não gostava daqueles lugares e tão pouco gostava daquelas pessoas, talvez se tivesse nascido em outro lugar as coisas tivessem sido diferentes, quem sabe eu seria mais uma daquelas meninas com um namorado comum, que corria para a casa das suas amigas. Chegando lá reclamaria de como ele não me dava atenção enquanto devoraria um pote de sorvete, elas, por sua vez, encheriam minha cabeça com mais dúvidas ainda. Seria uma menina normal, com um namorado cretino normal e amigas traiçoeiras normais, e gostaria disso....Não, sem chance!
Costumava refletir sobre "e se..." todos os dias, antes de dormir e antes de levantar, coisa de quem não tem o que fazer, sempre achei que se fosse mais ocupada seria mais feliz, mesmo nunca havendo conhecido alguém feliz por ser ocupada. Na verdade, todas as pessoas que conheci e se diziam ocupadas se diziam infelizes por não terem tempo para se divertir, então eu me perguntava a que elas se referiam quando mencionavam diversão.
Quando eu tinha por volta dos doze anos eu me divertia assistindo TV, sentada de frente para o aparelho era capaz de gastar dia todo ali, assistindo desenhos, novelas, ou qualquer coisa que passasse. Lembro-me de gastar tarde assistindo até mesmo horário político, e daquela forma eu me divertia. Ou achava que o fazia. Agora me pergunto se algum dia realmente cheguei a conhecer o que chamam de diversão, será que o que as pessoas sentem quando estão jogando passa-tempo com a família ou amigos (creio que tem gente que se diverte assim) era o mesmo sentimento que eu experimentava sentada de frente para a TV? Pensando bem no assunto, creio que não pois, eles pareciam muito mais felizes que eu. Provavelmente eu era uma garota de vinte e dois anos* que se quer havia conhecido o sentido da palavra diversão.
Algumas pessoas se divertem arriscando sua vida, por quê? Esse é geralmente o tipo de pessoa que mais teme a morte, pessoas felizes temem a morte, pessoas infelizes anseiam por esta, o que não quer dizer que não a receiam, pessoas felizes tem muito a perder, ao passo que as infelizes não, ou estarei enganada? Então deve haver diversão no risco de perder a felicidade. Talvez essas pessoas estejam cansadas de serem felizes e queiram sentir o gosto amargo da infelicidade para depois voltar a adocicar a boca. Talvez a diversão esteja no contraste.


p.s não tenho 22 anos, essa é a idade da personagem do texto.